No âmbito de uma visita técnica promovida pela ESAC em parceria com a Forestis, no âmbito do Programa Melhor Floresta da Agenda transForm foi realizada no dia 8 de abril uma visita a parcelas de uma área demonstrativa localizada na Serra da Lousã. Foi uma oportunidade para observar no terreno a aplicação de um modelo de silvicultura de espaço contínuo. Este modelo baseia-se na convivência de múltiplas espécies florestais no mesmo território, promovendo a resiliência dos ecossistemas, a diversificação produtiva e a conservação da biodiversidade.
O povoamento visitado é composto por um misto de resinosas e folhosas, integrando espécies como Pinus nigra, Pinus sylvestris e Pinus pinaster (bravo). Entre estas, o Pinus nigra demonstrou melhor adaptação às condições edafoclimáticas da região, registando uma produção média de 10 m³ por ha Por outro lado, o Pinus sylvestris apresentou menor produtividade, cerca de 7 m³ por ha, sendo ainda mais vulnerável a factores climáticos adversos, com quebras entre 50% e 60%.
Destaca-se igualmente a presença da espécie Camisitris laurisiana, que evidenciou um crescimento anual significativo, estimado em 22 m³, com potencial para atingir os 1000 m³ por hectare ao longo do seu ciclo. Esta espécie, inicialmente introduzida com fins lenhosos, mostrou uma excelente adaptação aos solos da região, caracterizados por uma boa capacidade de ancoragem, bem como ao microclima específico das Serras da Lousã.
A diversidade do povoamento é ainda enriquecida por outras espécies, tanto exóticas como autóctones. Entre as exóticas, salientam-se o Cipreste-de-Lawson (Chamaecyparis lawsoniana), o Abeto-de-Douglas (Pseudotsuga menziesii), o Castanheiro-do-Japão (Castanea crenata) e o Carvalho Americano (Quercus rubra), todas elas bem adaptadas ao contexto local e com interesse para a produção de madeira de qualidade. No que respeita às espécies autóctones, foram observados povoamentos de Carvalho Alvarinho (Quercus robur) e de Castanheiro (Castanea sativa), contribuindo para a valorização dos ecossistemas naturais e para o reforço da resiliência florestal.
O microclima da região tem favorecido o desenvolvimento saudável destas espécies, verificando-se igualmente uma elevada presença de líquenes, fungos e musgos, importantes indicadores de qualidade ambiental e equilíbrio ecológico.
No domínio da inovação tecnológica, a visita permitiu acompanhar a demonstração de novas ferramentas aplicadas à gestão florestal. A utilização de drones revelou-se uma mais-valia em atividades como o inventário florestal, a análise fitossanitária e a caracterização da área.
A geolocalização de pontos específicos do terreno, aliada à criação de modelos digitais do terreno e da superfície, contribui para um planeamento mais rigoroso e eficiente. Neste contexto, a tecnologia LiDAR destacou-se como uma solução promissora para responder aos desafios dos inventários florestais em povoamentos mistos e de difícil acesso.
Esta iniciativa na Serra da Lousã reforça a importância da integração entre diversidade florestal, conhecimento técnico e inovação tecnológica, como caminho para uma silvicultura mais sustentável, adaptativa e alinhada com os desafios atuais e futuros da floresta portuguesa.