Evento reuniu 136 participantes e debateu a digitalização do setor florestal português e a implementação de ferramentas inovadoras para a gestão e prevenção de incêndios, no âmbito da Agenda Transform
O Seminário “Incêndios Rurais: Inovação no apoio à Decisão”, promovido pelo Natureye, uma parceria entre a REN e a ADAI – Associação para o Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial da Universidade de Coimbra, realizou-se, no dia 5 de dezembro no Instituto Pedro Nunes, em Coimbra. Este evento contou com a presença de 136 participantes de norte a sul do continente e arquipélago da Madeira.
Raquel Costa, responsável de Inovação da REN, e Carlos Fonseca, CTO do CoLAB ForestWISE, abriram a sessão, enaltecendo a importância destes temas para a sociedade, justificando a adesão significativa de participantes a este evento, mas também salientando que estas ferramentas tecnológicas desenvolvidas por várias entidades podem ajudar substancialmente na prevenção e no combate aos incêndios.
Da parte da manhã, o tema foi dividido em duas partes. A primeira focou-se no tema da “Monitorização e Apoio à Decisão”, com a apresentação de Miguel Almeida, ADAI – Universidade de Coimbra, do projeto “Eye in the Sky” que consiste na utilização de Balões de Alta-Altitude para recolha de imagens e reforço das comunicações, em Apoio à Decisão em Operações de Combate a Incêndios Rurais, Carlos Viegas, da ADAI/Universidade de Coimbra, com o projeto “MC Fire – Medição do teor de humidade de combustíveis florestais e avaliação do seu comportamento face às novas realidades climáticas e IM Fire – Gestão Inteligente do Fogo e ainda João Fernandes, da OneSource, com o projeto “Mobitrust”, plataforma de Consciência Situacional integradora de vários sistemas sensoriais e de dados para suporte à decisão.
A segunda parte da manhã abordou as “Ferramentas para Avaliação de Impactes” através das participações de Lígia Pinto, Universidade do Minho, com “Eco.Fire: incentivos económicos e comportamentos preventivos”, Dalila Serpa, Universidade de Aveiro, com o projeto “FEMME – ferramenta para modelar o risco de erosão pós-fogo para apoio à decisão na gestão florestal e, em particular, na aplicação de medidas de estabilização de emergência” e por fim Hugo Almeida, Razão D’Igualdade, com “Deteção Remota na Gestão Sustentável da Floresta”.
Da parte da tarde, Domingos Xavier Viegas fez uma exposição sobre os Comportamentos do Fogo. De acordo com o orador, “o estudo do comportamento do fogo é um dos temas fundamentais do conhecimento, para saber gerir o risco de incêndios florestais nas suas diversas facetas. Esse conhecimento decorre da investigação científica e da experiência prática. A recolha de dados que um sistema como o desenvolvido no Fireye é fundamental para melhorar o conhecimento, validar os resultados e incorporar novos conhecimentos no apoio às operações”. De seguida, foi o moderador de um debate sob o tema “Inovação ao Serviço da Floresta: Da Teoria à Prática” que juntou Pedro Marques, responsável da área de Redes Sustentáveis da REN, Arlindo Santos, Adjunto para o Conhecimento e Inovação da AGIF, e Carlos Tavares, Comandante Sub-Regional de Emergência e Proteção Civil da Região de Coimbra.
Nas suas intervenções Pedro Marques salientou que o projeto Natureye “é um projeto que a REN sentiu necessidade de ter para ajudar na gestão do sistema distribuição de energia elétrica. Este projeto aumenta a resistência das nossas estruturas para garantir uma distribuição de energia com qualidade e fiabilidade, pois essa é a nossa missão”. Falou ainda da necessidade de haver uma avaliação dos resultados e da sua mais valia para as entidades, as empresas e a sociedade em geral e da importância de envolver as comunidades, na busca das soluções e na implementação dos projetos, tendo referido o exemplo da REN, que lida com milhares de proprietários na gestão das suas estruturas, maioritariamente situadas em meio florestal.
Falando sobre os requisitos dos projetos, para assegurar a sua aplicação pelas entidades operacionais, Carlos Tavares salientou: “É preciso identificar as necessidades dos utilizadores, desenvolver projetos simples e eficazes, orientados para as aplicações, comunicar com e ouvir todas as entidades, do início ao fim do projeto”. Referiu em seguida a importância do problema da interface urbano florestal e da necessidade de proteger pessoas e os seus bens, face ao perigo de incêndio florestal.
Arlindo Santos complementa dizendo que “é fundamental envolver os utilizadores finais no projeto, porque foco dos projetos tem que ser o impacto dele, não se deve trabalhar em silos, e é importante o papel de entidades de ligação, como o Forestwise, que é um dos promotores da Agenda Transform, em que o projeto Centrodec se insere”.
O Natureye é um centro de suporte à decisão baseado em dados multissensoriais, concebido para prevenir, antecipar e mitigar riscos naturais, com ênfase nos incêndios florestais. O projeto utiliza soluções tecnológicas originalmente desenvolvidas no âmbito do projeto rePLANT, como sistemas de monitorização com sensores óticos e térmicos instalados nas torres de muito alta tensão da REN, complementados por sistemas de previsão do comportamento do fogo, melhorando-as e aplicando-as à escala Nacional.
À margem do Seminário “Incêndios Rurais: Inovação no apoio à Decisão” realizado no passado dia 5 de dezembro, Raquel Costa, responsável pelo projeto Natureye, partilhou detalhes sobre esta iniciativa transformadora da Agenda transForm.